Educação profissional abre caminhos para novas trajetórias de vida

Por Paulo Sergio 15/09/2019 - 07:04 hs

A qualificação profissional é requisito indispensável para o acesso ao universo do trabalho. Mais do que isso, pode representar a realização pessoal e a conquista da própria dignidade. Neste sentido, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), vem investindo continuamente na ampliação de oportunidades à população, de forma que um número cada vez maior de pessoas possa se preparar adequadamente para exercer um ofício.

Uma das principais políticas na área são as Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP), que promovem a integração do ensino médio regular com o ensino técnico, permitindo que jovens concluam a educação básica já em condições de ingressar no mercado de trabalho. Tratam-se de espaços de descobertas de vocações e talentos, responsáveis por despertar o interesse de milhares de jovens para campos de atuação até então pouco conhecidos.


Larisse de Sousa Alves é estudante da 3ª série na EEEP Mário Alencar, em Fortaleza, onde também faz curso técnico em Eventos. A jovem reconhece a dedicação dos professores e da gestão escolar em incentivar o desenvolvimento do senso de responsabilidade pelos alunos, ao mesmo tempo em que os incluem nas decisões relacionadas ao direcionamento da unidade de ensino.

“Mesmo que a rotina seja pesada, nos faz adquirir maturidade para lidar com os imprevistos da vida. Adquirimos um compromisso muito grande, já que precisamos nos dedicar tanto ao técnico quanto ao regular. E, principalmente, temos o benefício de conhecer o mercado de trabalho ainda bem jovens”, admite.

Durante a terceira série, a Seduc propicia o acesso ao estágio curricular obrigatório e remunerado a todos os alunos. Ao todo, 4,5 mil empresas são parceiras nos programas de promoção de estágio profissional com a atendimento de mais de 16 mil estudantes.

EJA+Qualificação

Com foco no público que não concluiu os estudos, a Seduc oferta a Educação de Jovens e Adultos (EJA) articulada à Educação Profissional, desde 2016. Esta proposta veio para atender às especificidades de quem está fora da faixa etária adequada e deseja retomar as atividades escolares, ao mesmo tempo em que pretende inserir-se no mundo do trabalho.


Amanda de Jesus Rodrigues parou de estudar em 2009, quando cursava a 1ª série do ensino médio, por não estar conseguindo conciliar a escola e o trabalho. “Os horários conflitavam e eu dei preferência ao trabalho”, conta.

Hoje, aos 26 anos, incentivada pela própria empresa em que hoje atua como recepcionista, Amanda reiniciou a vida estudantil na Escola de Ensino Médio Antônio Conserva Feitosa, em Juazeiro do Norte, na modalidade EJA+Qualifica.

“Foi a melhor coisa que poderia acontecer na minha vida. Para qualquer área que eu queira seguir, é preciso ter estudo. E o que aprendemos em sala de aula nos ajuda muito a desempenhar as atividades no trabalho”, observa.

Amanda se diz satisfeita com a área que escolheu, por ter identificação com a função de atendimento ao público. “O mercado, hoje em dia, está muito mais exigente. É preciso ser proativo, ter boas ideias. O curso nos ensina a desenvolver técnicas para abordar clientes, a identificar o que o público está procurando, a fazer marketing para a empresa, a ter noções de administração. É muito completo. E ainda nos dá um certificado de conclusão, o que é um ponto a mais no nosso currículo”, ressalta.

Expansão

A EJA + Qualificação Profissional foi implantada, inicialmente, em três Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede), contemplando 1.434 alunos matriculados em 25 escolas. No ano seguinte, a Seduc expandiu essa oferta para as demais Credes e Superintendência das Escolas de Fortaleza (Sefor), procurando priorizar municípios de maior índice populacional, disponibilizando 5.000 novas vagas para atender jovens e adultos com uma proposta de formação mais próxima de suas necessidades.

Os cursos ofertados na EJA + Qualificação Profissional agregam as disciplinas da Base Nacional Comum três outros componentes curriculares da formação profissional, como Preparação para o Trabalho e Práticas Sociais (PTPS), Informática Básica e Técnicas Administrativas e Vendas (TAV).

A EJA + Qualificação Profissional hoje é ofertada em 85 escolas, com 152 turmas que atendem a 5.677 educandos no nível médio. Até o momento, já foram efetivadas mais de 10 mil novas matrículas nesta modalidade.

Escola das escolhas


O secretário executivo do Ensino Médio e Profissional da Seduc, Rogers Mendes, defende que a escola precisa gerar perspectivas de desenvolvimento pessoal aos estudantes, possibilitando-lhes fazer as escolhas que mais se ajustem aos seus projetos de vida. “Uma das preocupações maiores tanto dos jovens como dos adultos que não têm a escolaridade concluída no seu tempo, é adequar-se às demandas do mundo do trabalho. O ensino médio brasileiro precisa representar no imaginário das pessoas um meio de desenvolvimento necessário para a vida cidadã, e o trabalho é um dos elementos para isso”, explica.

Rogers indica, ainda, que a formação vai além da simples instrução de métodos para o exercício de uma função, mas, possibilita o autoconhecimento e incentiva a busca das próprias aspirações pelos alunos. “Trabalhamos não somente a profissionalização no sentido estrito da palavra, de aprender uma técnica. Um componente trabalhado tanto nas EEEPs como na EJA+Qualificação é o desenvolvimento pessoal, no que diz respeito à descoberta da própria identidade, à percepção clara do que se quer, dos próprios sonhos, de uma percepção mais ampliada do mundo e de suas relações. Precisamos ser a escola das escolhas, dando várias opções aos nossos estudantes”, considera.

Pronatec

Em parceria com o Governo Federal, a Seduc executa o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que promove cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) de Nível Médio a alunos matriculados no ensino médio nas escolas públicas estaduais, bem como, cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), para diversos públicos, com projetos e ações de assistência técnica e financeira, concedendo uma Bolsa Formação aos estudantes. No ano de 2018, o Programa certificou 3.031 participantes de cursos de formação inicial e continuada.