Nas Eleições 2020, pela primeira vez, os eleitores com deficiência visual podem ouvir o nome do candidato após digitar o número correspondente na urna eletrônica. Trata-se do recurso de sintetização de voz, tecnologia que transforma texto em som e simula como se a máquina fizesse o papel de uma pessoa lendo o conteúdo de algum documento.
Até as últimas eleições, a urna emite mensagens gravadas que indicam ao eleitor com esse tipo de deficiência o número digitado, a carga para o qual estava votando e as instruções sobre as teclas "Confirma", "Corrige" e "Branco". Foram mensagens pré-gravadas, instaladas no equipamento para melhorar a experiência desses votantes.
Mas, pelo fato de as mensagens serem gravadas previamente em estúdio, havia uma limitação: como em um pleito concorrem milhares de candidatos e, ao longo do processo eleitoral, muitos deles são substituídos, seria inviável gravar os nomes de todos os concorrentes.
Além disso, "se adicionamos uma tela ou funcionalidade nova durante a votação, que teria de ser gravado também, então era bastante limitado", afirma Rodrigo Coimbra, chefe da Seção de Voto Informatizado da Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com Coimbra, a partir de muita pesquisa e após o descarte das urnas mais antigas, dos modelos 2006 e 2008, o TSE teve condições técnicas para implementar a sintetização de voz para as Eleições 2020.
"Utilizamos uma solução inteira baseada em software livre. Então, não houve nenhum custo para o Tribunal, que não precisou gastar nada para implementar essa tecnologia. A novidade traz uma confiança muito maior para o eleitor, naturalmente, sobre o voto que ele está depositando na urna", enfatiza.
Passo a passo
Para utilizar a novidade, o eleitor precisa informar o mesário sobre sua deficiência visual, para que o colaborador da Justiça Eleitoral habilite o recurso e entregue fones de ouvido, necessários para garantir o sigilo do voto.
Mesmo habilitada, a urna não iniciará a votação de imediato, permanecendo estática em uma tela com orientações sobre como votar. Além disso, enquanto a votação não para iniciado, o eleitor terá a possibilidade de fazer a regulagem do áudio, sendo permitido aumentar ou diminuir o volume, para tornar a experiência de voto mais agradável.
A sintetização de voz também é capaz de flexibilizar fazer a de gênero emitir a fala de confirmação do concorrente escolhido. Isso significa que, pelo meio da ferramenta, a urna "falará" que o eleitor está votando em um candidato ou em uma candidata, de acordo com o gênero do postulante que está recebendo o voto.
Teste presencial
Nesta semana, a equipe de Tecnologia do TSE recebeu dois eleitores com deficiência para testar os recursos e experimentar a urna com todas essas novidades.
O aposentado Edinaldo de Almeida e a massoterapeuta Zozimeire dos Santos deram sugestões de melhorias e evoluções, inclusive de pequenos ajustes que podem ser feitos ainda este ano.
"O importante é que a gente conseguiu ter um contato mais próximo com as pessoas que são o público-alvo dessa grande novidade, e isso foi muito bom, porque vamos usar esse retorno para eles aperfeiçoar ainda mais os sistemas", garante Coimbra.
Todo o processo de adaptação desse software para a urna levou em torno de quatro meses, tendo início ainda em 2019 e sendo finalizado no início deste ano.
TSE
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