PR: Pai de santo que estuprava em rituais é condenado a 79 anos de prisão
A Vara de Infrações Penais Contra Crianças e Adolescentes de Curitiba condenou ontem a 79 anos de prisão um pai de santo de 29 anos. Além do crime de estupro, o pai de santo foi condenado por violação sexual mediante fraude, charlatanismo, sequestro, cárcere privado e condição análoga à escravidão. Todos foram cometidos contra fiéis durante rituais religiosos.
Os crimes ocorriam no terreiro que ele mantinha no bairro Pinheirinho, na capital curitibana. Uma das vítimas que o denunciou à Polícia Civil tinha 15 anos. O réu está preso desde 20 de julho de 2020, quando a Polícia Civil cumpriu mandado de prisão preventiva contra ele e a esposa, então com 23 anos, apontada como cúmplice nos crimes.
A mulher chegou a ser denunciada pelo Ministério Público do Paraná como coautora no crime de violação sexual mediante fraude, mas foi absolvida por falta de provas.
Os crimes ocorreram em 2019. Segundo o MP, são quatro vítimas. Uma delas informou que ficou grávida do pai de santo após os abusos sexuais.
Ele cumprirá em regime fechado. A sentença, segundo o MP, é sigilosa para manter a proteção das vítimas e por isso o nome do homem não foi revelado. O pai de santo ainda pode recorrer da sentença.
Pai de santo se aproveitava da fragilidade das vítimas
De acordo com a Polícia Civil, que recebeu as primeiras denúncias, o pai de santo se aproveitava da condição de fragilidade das vítimas para cometer os crimes.
"Vieram várias vítimas na delegacia relatar que esse pai de santo as enganava, pegando o dinheiro e mantendo em cárcere, em trabalhos para livrá-las de problemas", afirmou a Universa o delegado Rinaldo Ivanike, do 10º Distrito de Polícia Civil de Curitiba, no dia da prisão do então suspeito.
Além dos abusos sexuais, o inquérito da Polícia Civil e a denúncia do MP apontaram que as vítimas eram submetidas à condição análoga à escravidão, por meio de coação, em razão de trabalhos forçados com jornadas de até 20 horas diárias, com transportes excessivos de peso, como lixo reciclável sob sol, forte chuva e frio.
"Ele dizia que a pessoa deveria estar a serviço da entidade", declarou à época o delegado.
Por conta do segredo de Justiça, o MP não informou à reportagem o nome do advogado que defendeu o pai de santo. Em depoimento durante a investigação, ele negou a prática dos crimes.
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