Mulher atropelada ao ajudar grávida no litoral de SP diz que motorista queria matá-la
A idosa de 60 anos que foi atropelada por um homem ao tentar defender uma grávida de agressão, em São Vicente, no litoral paulista, sofreu diversas escoriações e uma fratura na bacia. Em entrevista ao G1 neste domingo (2), ela contou que está de cama, com dificuldades para se mexer e ainda sente muita dor. Segundo a aposentada, o suspeito jogou o carro em cima dela com a intenção de matar.
O caso ocorreu em um condomínio localizado na Rua Minas Gerais, no bairro Vila São Jorge. Segundo o relato da gestante, de 31 anos, a briga teria ocorrido após uma crise de ciúmes do homem ao ler uma mensagem de um rapaz que arrumou o guarda-roupas do casal no celular dela. Ele se alterou e passou a xingá-la, insistindo que ela o levasse até onde o rapaz morava.
A aposentada, que preferiu não se identificar, disse que já tinha conversado com o casal, mas não era próxima deles, portanto, não sabia como era o comportamento do rapaz. Ela relembra que, no dia do atropelamento, ouviu um barulho enquanto estava em casa e, quando saiu, se deparou com uma das vizinhas desesperada.
“Eu não tinha percebido que era isso, mas ela já estava apanhando há um tempo dentro de casa. A menina [grávida] saiu de casa pedindo ajuda e a minha vizinha estava ouvindo. Temos aquela teoria de que em briga de homem e mulher não se mete a colher, mas se você vê uma menina pequena [baixa], magrinha, grávida apanhando de um cara grande, e não faz nada, você é uma pessoa ruim. Não tinha como. Você precisa ser uma barata para olhar aquela cena e não fazer nada”, conta.
Segundo a idosa, o homem batia muito na companheira e ela seguiu para tentar apartar, junto com a filha e outra moradora. “Não encostamos nele. Pedi para que ele esfriasse a cabeça. Nada justificava aquilo”, conta.
As imagens das câmeras de segurança da vizinhança do condomínio, obtidas pelo G1, mostram o momento em que o homem agrediu a companheira grávida e forçou a entrada dela dentro do veículo. Quando conseguiu mantê-la dentro do carro, ele assumiu a direção e avançou sobre as vizinhas, que insistiam para que ele deixasse a mulher em paz.
“Me afastei e elas ficaram alinhadas comigo. Ele deu a ré, manobrou e veio em nossa direção. Ele queria acertar as três, mas não deu. Ele me prensou na parede e depois eu não consegui ficar de pé. Acho que aquilo foi para tentar me matar. Quando você engata a primeira em um carro, ele ganha uma força gigantesca. Se ele quisesse só me assustar, teria brecado em cima. Ele queria acertar a gente, queria matar todo mundo ali”, desabafa.
Após o atropelamento, ela foi socorrida para o Hospital Municipal de São Vicente, onde ficou internada com escoriações por todo o corpo e uma fratura na bacia. Já em casa, ela deve ficar em repouso absoluto.
Ela afirma que, em nenhum momento, a família do rapaz a procurou para saber se ela estava bem e se precisava de algo. “As pessoas precisam se iluminar, não podem se isentar da responsabilidade. A mãe dele veio entregar a casa, mas em nenhum momento ela deixou um bilhete pedindo desculpas ou me oferecendo ajuda”, finaliza.
Ainda segundo o depoimento da gestante à Polícia Civil, após a confusão no condomínio da Vila São Jorge, ela conseguiu escapar do carro durante uma parada do veículo no trânsito, na altura do bairro Marapé, em Santos.
A mulher pediu ajuda a pessoas que estavam pela rua e conseguiu chegar à casa de uma amiga, onde ficou até o momento em que foi à delegacia prestar depoimento. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito tem passagens pela polícia por roubo e tráfico de drogas, ambos os crimes cometidos em 2018.
O homem ainda não foi localizado para prestar esclarecimentos sobre as agressões e o atropelamento da vizinha, além dos danos materiais causados no condomínio. No entanto, o carro dele foi encontrado pelos policiais civis do 5º DP de Santos na Rua Rômulo Merlin Junior, na Caneleira, após uma denúncia anônima. O veículo estava com as laterais amassadas, além do para-brisas quebrado.
As vizinhas também foram ouvidas, no dia 24. O caso foi registrado como lesão corporal, injúria, ameaça, tentativa de homicídio, dano ao patrimônio e violência doméstica na Delegacia Sede de São Vicente e deve ser encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher do município, que decidirá pela instauração de um inquérito policial para apurar os fatos.
Mauro Benevides - Decoro parlamentar vilipendiado
Tom Barros - A retomada de um sonho tricolor