Primeiro transplante pediátrico de fígado com doador vivo é feito no Ceará
O primeiro transplante pediátrico de fígado com doador vivo foi realizado no Ceará, na última sexta-feira, 23. Uma criança de 5 anos, do município de Ubajara, recebeu o órgão em procedimento no Hospital São Carlos, em Fortaleza.
De acordo com o Hospital, o procedimento entre vivos é considerado mais complexo se comparado ao realizado mais frequentemente com o órgão de um doador morto. Isso porque exige o trabalho quase simultâneo de duas equipes em duas salas de cirurgias distintas e contíguas.
A cirurgiã Denissa Mesquita, que atuou no procedimento inédito, explicou que, no transplante de fígado, um doador vivo doou parte do órgão para o paciente receptor.
“Fizemos duas cirurgias, uma com o doador, que é parente da família, e outra com o receptor. Retiramos 20% do fígado do doador para implantar na criança receptora”, detalhou em nota divulgada pelo Hospital São Carlos.
De acordo com Denissa, a criança começou a apresentar um aumento do volume abdominal com 1 ano de idade. Seis meses depois, a paciente ficou ictérica, com os olhos amarelos, e foi diagnosticada com uma doença genética.
O tratamento para a doença é voltado apenas para a redução dos sintomas. Segundo a médica, a única chance de melhorar a qualidade de vida da criança e os riscos de complicação era com o transplante.
Nesse caso, o procedimento com doadores falecidos é mais difícil, pois são poucos os doadores cadáveres pediátricos e a espera pelo órgão é maior.
Transplante pediátrico de fígado intervivos: familiar doou órgão a criança
No transplante intervivos, os médicos dão preferência ao pai ou a mãe dos pacientes, porém os pais da criança tinham sobrepeso e o procedimento não foi realizado pelo risco de gordura no fígado.
Após pesquisa de parentes que fossem compatíveis, uma prima do pai da criança, uma enfermeira de 30 anos de idade, que não tinha comorbidades e com o tipo sanguíneo compatível, foi localizada e considerada uma excelente doadora pelos médicos.
Com a autorização do juiz e do Comitê de Ética, além de avaliação psicológica, o transplante foi realizado.
As duas pacientes estão conscientes e iniciaram a dieta. Os exames da doadora estão normais e os da criança em curva de melhora.
A criança precisará de um acompanhamento pela necessidade do imunossupressores, drogas que reduzem a imunidade do receptor para o corpo aceitar o órgão.
“A criança vai ter que tomar essa medicação para sempre, mas é uma medicação que é dada pelo Sistema Único de Saúde. A gente acompanha pelo resto da vida, mas a gente tenta diminuir a dose para ela tomar o mínimo possível e viver uma vida completamente normal, só tomando a medicação”, finalizou a cirurgiã.
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