'Aos 12, fui torturada, amordaçada e tive a língua cortada com um alicate'
Foi então que, vendo o céu através do teto aberto, decidi fazer uma oração em pensamento, clamando ao senhor Jesus por ajuda e pedindo para ser tirada daquele lugar insuportável. Parecia que tinha dormido apenas algumas horas, mas ao olhar novamente para o relógio, vi que eram 10h22. Ali, naquela situação terrível, continuei a esperar por um milagre, clamando por socorro em meio ao tormento.
Aí, às 10h25, quando acordo, escuto a voz de uma mulher me chamando na porta, uma voz desconhecida, batendo sem parar e me chamando pelo nome, Lucélia. Estava amordaçada, incapaz de responder, só podia fazer gestos, pois estava amordaçada.
De repente, a porta se abre e a mulher entra correndo. Ao ver a cena, uma criança de 12 anos acorrentada e amordaçada, ela grita: 'Meu Deus, tem uma menina presa aqui!'. Automaticamente, olho para o lado e vejo que ela segura um papel. A polícia foi até a casa pela denúncia de um vizinho.
O maior nome que consigo ler é "polícia" e, atrás dela, os policiais estão de frente para mim, olhando. Ela rapidamente tira a mordaça da minha boca e minha primeira reação é ordenar que os policiais vão embora, dizendo que não fui eu quem os chamou e que se não forem embora, morrerei, assim como minha família.
Isso porque a empresária me ameaçava, dizendo que, se eu denunciasse ou saísse da casa, ela mataria meus pais, meus irmãos e por último, a mim.
Ao ouvir a policial dizer que foram enviados por Deus, relembro da oração feita há três minutos pedindo a intervenção divina. Olho novamente para o céu, clamando a Deus, e meu grito muda. Começo a gritar: 'Deus existe, Deus existe, Deus existe, Jesus me ouviu, Jesus me ouviu'.
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