O Meteoro que cruzou o céu de Portugal é um bólido
Existe muita dúvida a respeito da classificação dos objetos que vem do espaço, principalmente depois do evento de Portugal que viralizou após algumas pessoas que estavam gravando vídeos para suas redes sociais terem flagrado um belíssimo fenômeno.
Alguns chamaram de meteoro, outros de bólido e os menos familiarizados com os termos científicos chamaram inadequadamente de meteorito. Vamos entender a diferença entre cada um.
Fora da Terra, estes objetos menores do sistema solar podem ser classificados em cometas, asteróides ou meteoróides. Os cometas estão entre os maiores da categoria, superando 1 km de diâmetro segundo a International Astronomical Union (IAU). Menores do que isso, chamamos de asteroide enquanto superam 1 m de diâmetro. E finalmente, menores do que 1 m são chamados de meteoróides.
Esses corpos ganham nomes diferentes quando entram na nossa atmosfera. Um meteoro é tudo que cai na nossa atmosfera, até mesmo a chuva recebe um nome específico de hidrometeoro. Geralmente, um meteoro se encadeia devido a uma compressão com o ar. Não é o atrito e sim a pressão que aquece o objeto conhecido popularmente como “estrela cadente”.
Um bólido é uma classificação de meteoro que brilha mais do que a lua cheia como foi o caso de Portugal. Não à toa, o bólido também foi visto de outros lugares da Europa como Espanha e França.
A cor radiante emitida pelo objeto também levanta discussão. Há quem defenda que a cor indica a composição química do meteoro. O amarelo seria sódio, por exemplo. Mas não é bem assim. Isso até pode ser um padrão para fogos de artifício, mas não para meteoros.
O que mais influencia na cor do bólido é sua energia cinética que por sua vez influencia na compressão do ar. O brilho do bólido não se deve ao corpo, e sim ao ar aquecido. Existe um estudo que mostra que a cor do ar ionizado muda de acordo com a pressão. Um meteoro com velocidade mais baixa tenderá para o laranja ou amarelo, já um com velocidade mais alta tenderá para o azul como foi este caso de Portugal com 45 mil km/h. Cerca de 40 vezes mais rápido do que o som, ou mach 40 se preferir.
Um evento parecido ocorreu em 10 de outubro de 2020 no Ceará, o que ficou conhecido como evento de Baturité. Eu e mais alguns colegas partimos em expedição para recuperar alguns meteoritos. No caso, chegamos a conclusão que o evento de Baturité não gerou meteoritos, pois o meteoro entrou com uma velocidade duas vezes maior do que o de Portugal. Esse último deve ter restado meteorito sim e dos grandes.
As últimas estimativas indicam que o objeto tinha mais de 1 m sendo um asteroide e que, possivelmente, era um fragmento de cometa. Ele veio de uma região oposta ao Sol, chamada de antihélio. Isso indica que ele iria colidir diretamente com o astro rei se não tivesse sido interceptado pela Terra. Geralmente, esses fragmentos não andam sozinhos, e ficaremos de olho no céu.
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